Governança corporativa é o conjunto de processos, costumes e leis que norteiam a forma como uma organização é administrada. Não é à toa que muitos profissionais fogem desse conceito; o assunto é complexo, mas essencial para o sucesso das organizações. Ao contrário do que muita gente pensa, não se trata apenas de criar, registrar e documentar normas e procedimentos.
O que é governança corporativa?
A definição de governança corporativa, segundo o IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), é “o sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas”.
Em outras palavras, governança corporativa é um conjunto de práticas que uma empresa adota para fortalecer a organização e alinhar os interesses do negócio, dos sócios, dos diretores, acionistas e outros stakeholders, e conciliar esses interesses com os órgãos de fiscalização e regulamentação. Podemos dizer que a governança mostra a direção que uma empresa deve seguir para alcançar os resultados esperados. Pense o seguinte: quando uma empresa nasce, o dono da empresa concentra em si os principais papéis administrativos. Porém, conforme a empresa cresce, são inseridas mais pessoas nesse contexto, como sócios, diretores, acionistas e gerentes. A partir daí, a governança corporativa se faz necessária.
Para que serve a governança corporativa?
A governança corporativa assegura que os interesses dos administradores estejam alinhados aos interesses dos donos do negócio. Ela garante que os processos e as estratégias estão sendo corretamente seguidos, além de promover uma cultura de prestação de contas na empresa.
Afinal, como as empresas dependem das pessoas para conduzir seus processos, é importante que haja um monitoramento para minimizar impactos em caso de deslizes. Hoje em dia, são comuns notícias de empresas envolvidas em escândalos de corrupção ou falhas nos processos. Esses problemas são crises na governança corporativa, pois significam que os interesses pessoais foram colocados acima dos interesses da organização. Foi justamente para evitar esses problemas que surgiram os primeiros códigos de governança corporativa, que buscavam garantir a manutenção das boas práticas de gestão e do valor da marca.
Uma boa governança corporativa é capaz de valorizar a imagem da empresa por meio da ética e da promoção dos bons valores corporativos. A empresa que não presta contas, está sempre envolvida em problemas e não se mostra confiável tem sua imagem ferida perante os públicos interno e externo. A governança corporativa, por sua vez, garante que a organização siga o caminho oposto e se mostre confiável perante seus stakeholders. Empresas cujo funcionamento não é reconhecido e que amargam uma reputação ruim não atraem investimentos. Pelo contrário: fica muito difícil ganhar a confiança dos investidores depois de protagonizar problemas de gestão.
Fortalecer a governança corporativa é uma forma de garantir que a empresa se manterá longe desses problemas. Investir em governança corporativa aumenta o valor de mercado e a competitividade de uma empresa. Esse ponto é uma consequência dos pontos anteriores. Investir em governança corporativa valoriza a imagem da empresa, ajuda a atrair investidores, evita escândalos e ajuda a reter talentos. Esses benefícios podem ser sentidos no valor da marca e no balanço financeiro. Compliance e governança corporativa são termos que aparecem juntos frequentemente. Compliance significa algo como “estar em conformidade”. Ou seja, é quando uma empresa adota práticas para estar de acordo com as leis, normas e códigos internos e externos aos quais está submetida. Compliance está diretamente relacionado à governança corporativa, pois é uma das tarefas de uma boa governança garantir essa conformidade.
Como funciona a governança corporativa?
A regulação da relação entre administradores e donos é feita de três formas: através de regras, auditorias e restrições de autonomia.
1. Regras
Estabelecer regras significa estipular normas para estruturar a organização e limitar o comportamento indesejável dos administradores, conduzindo as suas decisões.
2. Auditorias
Fazer auditorias é fundamental para checar se as regras estabelecidas previamente estão sendo cumpridas ou não, além de monitorar as ações dos administradores.
3. Restrições de autonomia
Impor restrições de autonomia se trata de limitar a atuação dos administradores e determinar ações que eles estão autorizados a fazer.
Vale lembrar que, dependendo da intensidade de como esse controle é feito, podem-se obter diferentes efeitos, como veremos mais adiante. Como 4 princípios da governança corporativa
A governança corporativa tem suas bases em quatro princípios básicos. São eles: transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa.
Os 4 princípios da governança corporativa
Transparência
Transparência consiste em disponibilizar dados e informações constantemente aos stakeholders. Também é importante que essas informações sejam acessíveis. Os stakeholders também precisam ter acesso não apenas a dados financeiros, mas também a dados sobre tomadas de decisão e saber como está o andamento dos processos. Isso ajuda a garantir que a empresa age com integridade e ética perante as partes interessadas.
Equidade
Todas as partes interessadas, independentemente do cargo que ocupam ou do seu nível de participação na empresa, devem ser tratadas de forma justa e em igualdade de condições.
Prestação de contas
A administração deve prestar contas periodicamente sobre toda movimentação econômico-financeira. A prestação de contas precisa ser clara e compreensível, e cabe à organização assumir as consequências de seus atos e omissões.
Responsabilidade corporativa
Esse princípio abrange o zelo por todo o ambiente e sistemas em que a empresa está incluída. Isso inclui responsabilidade financeira, ambiental, forma de tratamento com os colaboradores, e qualquer outro dos mais diversos capitais da empresa.
Como começar a investir em governança corporativa?
1. Defina papéis e responsabilidades
Não existe governança corporativa sem papéis e responsabilidades bem definidos. É preciso saber a quem cada pessoa responde e pelo que cada um é responsável.
2. Crie um Conselho Administrativo
O Conselho Administrativo é como um grupo de guardiões dos interesses organizacionais. Ele supervisiona o relacionamento da empresa com seus stakeholders, toma decisões estratégicas importantes e é um elo entre os sócios e o restante da organização. É justamente por isso que o conselho é eleito pelos sócios.
3. Adote políticas de gestão de riscos
É necessário identificar e avaliar constantemente os riscos aos quais a empresa está exposta, sejam eles financeiros, operacionais, legais, ambientais ou de outro tipo. A partir dessa identificação, é preciso criar planos de ação para mitigar os riscos ou resolver eventuais problemas.
4. Acompanhe
Há uma série de ações de controle que ajudam a garantir que tudo está nos trilhos. Reuniões que alinham a comunicação entre os stakeholders, criação de mecanismos de controle – como auditorias e outros processos de monitoramento, criação de um código de conduta (e a garantia de que ele é cumprido), entre outros. Esse acompanhamento ajuda a garantir o funcionamento correto dos processos da governança corporativa.
Impactos da governança corporativa nas empresas
“Em uma governança muito forte, o administrador não consegue fazer seu trabalho, pois não possui autonomia para isso. Ele está sempre “amarrado” à decisão de outras pessoas. Podemos observar esse tipo de governança na área pública e em grandes empresas. Já em uma governança muito fraca, as chances de o administrador usar de má-fé para buscar apenas seus próprios interesses aumentam significativamente. Ou pode ser que ele não atue com a competência necessária. Esse tipo de governança pode ser observado em startups e em pequenas empresas. Encontrar um ponto de equilíbrio é o grande dilema da governança corporativa ideal! Por isso, é preciso cuidar para que os instrumentos de controle não sejam mais caros do que os eventuais prejuízos dos administradores.”
– Rafael Malfará, Diretor de Relacionamento Clientes, Marketing, Eventos e Fornecedores na Dynamic Travel