
O setor de viagens corporativas faturou um recorde de R$ 8,3 bilhões em julho deste ano, cerca de 4,1% em relação ao mesmo período do ano anterior. O mercado já movimentou R$ 79 bilhões. Os dados foram obtidos pelo Levantamento de Viagens Corporativas (LVC) realizada pela Fecomercio SP em parceria com a Associação Latino Americana de Gestão de Eventos e Viagens Corporativas.
Mais do que números, esse crescimento mostra uma mudança de mentalidade: gestores não querem apenas garantir que os colaboradores cheguem do ponto A ao ponto B. Querem segurança, previsibilidade, conforto e experiência positiva especialmente quando falamos de executivos C-Level, cujo tempo e bem-estar têm impacto direto no negócio.
Nesse cenário, mapear e entender as preferências individuais dos viajantes não é detalhe. É diferencial competitivo.
Por isso, realizamos uma entrevista com Daniela Mondino, Gerente de Operações e Thais Dias, Coordenadora de Operações da Dynamic Travel para explorar esse tema que possui um alto índice de relevância dentro de uma gestão segura de viagens corporativas.
- Os desafios estratégicos do atendimento corporativo
- Importância da customização e personalização desde a implantação
- Quais são as preferências mais comuns?
- Atendimento a viajantes VIP: o nível de exigência sobe
- Importância da Inclusão e necessidades especiais (PNE)
- Multicanais de atendimento e consistência na entrega
- Por que é preciso investir em comunicação 360?
- Proposta de valor percebida pelo cliente
- Casos reais que marcaram
- 8 boas práticas para mapear e trabalhar com preferências individuais de viajantes corporativos
Os desafios estratégicos do atendimento corporativo
Daniela Mondino, aponta que o maior desafio está em conciliar as políticas da empresa com as expectativas do viajante:

“Por trás das diretrizes e orçamentos estão pessoas, que de fato irão viajar. É preciso encontrar um ponto de equilíbrio entre o que o CNPJ exige e o que o colaborador precisa para se sentir bem atendido.”
Daniela Mondino, Gerente de Operações da Dynamic Travel
Esse equilíbrio exige:
- Agilidade para capturar necessidades no dia a dia (que muitas vezes não aparecem no contrato inicial).
- Estratégias flexíveis para atender orçamentos sem comprometer a experiência.
- Visão consultiva, indo além da reserva de serviços e oferecendo soluções práticas.
Thais Dias, Coordenadora de Operações, complementa que o grande desafio é entregar dentro da realidade orçamentária sem perder qualidade:

“Dependendo da cidade, nem sempre conseguimos cumprir o teto estipulado. O papel da agência é apresentar alternativas que conciliem custo e preferência, atuando como parceira estratégica, e não apenas como fornecedora.”
Thais Dias, Coordenadora de Operações da Dynamic Travel
Importância da customização e personalização desde a implantação
A personalização começa na implantação de um novo cliente.
Daniela explica:
“Desde o início fazemos reuniões de alinhamento, registramos todas as preferências no sistema e mantemos os dados atualizados. Esse processo garante continuidade mesmo em mudanças de equipe ou consultores.”
Thais reforça que esse cuidado inicial evita frustrações:
“Se não tenho a ficha completa dos viajantes VIPs logo no começo, posso oferecer algo inadequado. O cliente sente que houve uma falha, mesmo que seja por falta de informação. Por isso, o processo precisa nascer redondo.”
Esse olhar estruturado mostra maturidade e evita erros que podem minar a confiança logo nos primeiros atendimentos.
Quais são as preferências mais comuns?
A entrevista trouxe exemplos que mostram como detalhes fazem a diferença, e existem diversos tipos de preferências e particularidades de cada viajante:
- Viajantes que só aceitam determinados assentos em voos (como a famosa poltrona 11A).
- Preferência por andar alto em hotéis, por piso frio ao invés de carpete (por questões de alergia, como rinite).
- Executivos que exigem sempre o mesmo hotel em determinada cidade chegando ao ponto de o próprio hotel reorganizar reservas para garantir o quarto preferido.
Esses casos mostram que, para o viajante, não se trata de “luxo” ou “manias”, mas de conforto, previsibilidade e sensação de controle.
Atendimento a viajantes VIP: o nível de exigência sobe
Para o público C-Level, cada detalhe é observado. Daniela destaca:
“O passageiro VIP costuma estar um passo à frente. Muitas vezes ele já viajou o mundo, conhece tarifas, conhece o serviço. Nosso papel é acompanhar esse nível e, se possível, surpreender. É por isso que temos uma equipe especializada para esse tipo de atendimento.”
As práticas incluem:
- Dentro da Dynamic Travel, existe uma equipe dedicada para esse público.
- Atenção redobrada a detalhes como tempo de resposta, antecipação de imprevistos e customização de experiências.
- Proatividade: oferecer opções antes mesmo que o cliente solicite.
Essa personalização não apenas garante satisfação, mas fortalece a imagem da empresa que contrata o serviço, mostrando zelo com seus executivos.
Importância da Inclusão e necessidades especiais (PNE)
O cuidado precisa ser com todos os viajantes. É preciso ter responsabilidade social e compromisso com a diversidade e inclusão.
Daniela enfatiza:
“Cada necessidade especial é registrada e monitorada. Garantimos acessibilidade com fornecedores e estruturamos a operação para que a experiência seja segura e confortável.”
Thais complementa:
“Com a informação antecipada, asseguramos quartos adaptados, apoio em aeroportos, transporte adequado. O aprendizado de cada caso enriquece toda a equipe, ampliando nossa visão de atendimento.”
Thais Dias, Coordenadora de Operações da Dynamic Travel
Multicanais de atendimento e consistência na entrega
Outro ponto forte é a padronização dos canais de atendimento.
Daniela explica:
“Seja WhatsApp, e-mail, telefone ou Teams, o atendimento tem o mesmo padrão. O histórico fica disponível, o que garante continuidade mesmo quando há troca de consultores.”
Thais acrescenta a importância de se adaptar ao estilo do cliente:
“Alguns solicitantes não atendem ligações, preferem mensagens. Nos ajustamos para que a comunicação seja fluida e sem atrito.”
Isso reforça a percepção de eficiência e cuidado, independentemente do canal.
Por que é preciso investir em comunicação 360?
Alinhamentos constantes com gestores e solicitantes fazem a diferença para toda a cadeia de viagens. A manutenção da qualidade passa por revisões periódicas e pesquisas de satisfação.
Dentro da Dynamic Travel, são realizadas reuniões de acompanhamento com gestores e solicitantes, pesquisas e análises de feedbacks. Esse monitoramento contínuo permite ajustar processos e mostrar nosso compromisso em evoluir.
Esse processo dá transparência e confiança à relação comercial.
Proposta de valor percebida pelo cliente
O diferencial está na humanização e personalização.
Daniela explica:
“Cada cliente tem um consultor fixo, com contato direto. Isso cria vínculo, confiança e evita a sensação de estar falando com um call center impessoal.”
Thais traz um exemplo prático:
“Se um solicitante pede apenas uma ponte aérea SP-RJ, o consultor não envia 100 opções de voo. Ele filtra de acordo com o compromisso, horários possíveis e melhores custos. Isso mostra preocupação real com a necessidade do cliente.”
Esse tipo de cuidado é percebido como valor agregado, algo que mantém a fidelização da carteira.
Casos reais que marcaram
A personalização gera experiências memoráveis. Daniela contou sobre uma passageira que recebeu cartinha e chocolatinho de boas-vindas em sua primeira hospedagem. Gostou tanto que, nas viagens seguintes, quando o mimo não veio, sentiu falta e comentou.
Daniela destaca:
“Não era uma exigência dela, mas um gesto simples que demonstrou cuidado. Quando não aconteceu, gerou a percepção de ausência. Isso mostra como pequenos detalhes têm grande peso na experiência.”
“Esses casos ilustram como a percepção do cliente é construída em cima de consistência e atenção.”
Daniela Mondino, Gerente de Operações da Dynamic Travel
8 boas práticas para mapear e trabalhar com preferências individuais de viajantes corporativos
| Etapa | Ação prática | Exemplo citado | Benefício direto |
| Onboarding do viajante | Aplicar ficha de cadastro completa com preferências (hotel, assento, alimentação, programas de milhagem, restrições médicas). | Thais: “Preciso da ficha dos VIPs logo na implantação, senão pode gerar frustração já no início.” | Atendimento começa estruturado e sem falhas. |
| Atualização contínua | Revisar preferências semestralmente ou anualmente em reuniões com gestores e solicitantes. | Daniela: “O alinhamento constante e a revisão periódica garantem evolução contínua.” | Mantém o serviço aderente às mudanças do cliente. |
| Classificação de perfis | Criar clusters (ex.: C-Level, técnico, viajante recorrente, colaborador eventual). | Daniela: “Cada departamento pode ter particularidades próprias.” | Facilita customização e gestão de políticas internas. |
| Segmentação de fornecedores | Negociar tarifas e benefícios baseados em padrões de preferência (ex.: hotéis com piso frio, salas VIP, traslados privados). | Caso relatado: viajante fiel ao mesmo hotel em Brasília, recebendo regalias. | Mais poder de negociação e consistência na experiência. |
| Tecnologia integrada | Sistemas que armazenem histórico de viagens e preferências acessíveis a toda a equipe. | Daniela: “Nosso OneDrive garante continuidade mesmo se o consultor mudar.” | Redução de falhas e continuidade operacional. |
| Equipe especializada | Treinamento para consultores lidarem com públicos VIP e PNE. | Daniela: “VIPs exigem olhar na lupa; PNEs exigem atenção inclusiva.” | Assertividade, inclusão e atendimento diferenciado. |
| Feedback estruturado | Pesquisa de satisfação + caixa de “elogios espontâneos” para captar percepções. | Daniela: “Recebemos e-mails e mensagens que servem de termômetro de qualidade.” | Geração de indicadores claros de percepção de valor. |
| Gestos de hospitalidade | Pequenos mimos e personalização (cartinha de boas-vindas, chocolatinho no quarto). | Caso relatado: passageira que sentiu falta do mimo quando ele deixou de ser entregue. | Gera vínculo emocional e reforça a sensação de cuidado |
Em viagens corporativas, todos os detalhes fazem a diferença.
A experiência compartilhada por Daniela Mondino e Thais Dias mostra que personalizar não é luxo, é estratégia.
Entender preferências individuais:
- Garante segurança e tranquilidade.
- Reforça a confiança de gestores e solicitantes.
- Fortalece a imagem institucional da empresa.
E, mais importante: transforma a viagem de trabalho em uma experiência de cuidado, previsibilidade e valor agregado.



